A indústria 4.0 ainda não é uma realidade no Brasil, mas isso não significa que ela não exista. Na verdade, uma pequena parte das industrias brasileiras caminha para esse desenvolvimento. Algumas, a passos lentos e demorados, no entanto o importante é seguir nesse caminho!
No segundo semestre de 2019, a implantação de uma solução mobile em uma fábrica de cimento localizada em Belo Horizonte (MG) provocou resultados surpreendentes.
Depois que passaram a utilizar um software de manutenção industrial, os técnicos ficaram espantados com o que os números mostravam logo no primeiro mês: um aumento em 84% na produtividade de manutenção de mão de obra. Em outras palavras, o número de funcionários continuou o mesmo, mas o rendimento do trabalho quase dobrou.
Será que isso aconteceu apenas porque eles substituíram papel e caneta por tablets com um software de gestão? A modernização do controle de manutenção provocou outros ganhos além do aumento da produtividade da mão de obra? Como funciona um software de manutenção industrial, quais suas vantagens e como escolher uma opção que atenda as necessidades do seu negócio?
Essas e outras respostas podem colocar a sua empresa, seja ela de pequena, médio ou grande porte, à frente da concorrência.
Isso mesmo. Investir na melhoria dos processos de manutenção pode resultar em um poderoso diferencial competitivo para o seu negócio, principalmente em tempos de Indústria 4.0.
Primeiramente, para entender como essa fábrica de cimento chegou a esse excelente resultado, é fundamental saber o que é Indústria 4.0 e como a manutenção as fábricas tem evoluído nas últimas décadas.
Na sequência, vamos abordar os pilares de um bom Planejamento e Controle da Manutenção (afinal, planejamento é tudo!), conhecer as novas tecnologias por trás da 4° Revolução Industrial e aprender sobre os sistemas que automatizam a manutenção e aumentam a produtividade na indústria.
Para que isso não fique tão cansativo, nós iremos dividir esse texto em 3 partes. Conforme eles forem publicados serão disponibilizados no fim deste artigo.
Muitas empresas estão comentando sobre o futuro e a Indústria 4.0, mas não estão fazendo o básico no presente
First things first. A implantação de um software de manutenção industrial faz parte do processo de modernização de uma empresa, no entanto, é preciso arrumar a casa antes.
Há empreendedores empolgados com os benefícios prometidos por alguns fornecedores, iludidos a ponto de pensar que basta comprar alguns tablets, instalar os programas, distribuir entre os técnicos, apertar start e tudo vai se transformar como num passe de mágica, sua empresa será a mais nova no hall da Indústria 4.0. Ledo engano.
Esses mesmos empreendedores (e eu torço para que, neste momento, você não seja um deles) saem repetindo expressões da moda como “Indústria 4.0” ou “Manutenção 4.0” sem saber ao certo o que isso significa. Logicamente, não sabem qual é a realidade da indústria brasileira.
Fazer o básico, aqui, é ter uma estratégia clara e objetiva para manter a disponibilidade dos ativos dentro da empresa, considerando suas especificidades e os tipos de reparos necessários.
Por outro lado, muitos têm aproveitado as oportunidades que os avanços tecnológicos proporcionam, posicionando suas empresas no contexto do que é considerada a 4° Revolução Industrial.
Se você também quer se inserir nesta revolução para obter diferenciais competitivos no mercado, precisa entender o que ela significa e ter a mínima noção do que aconteceu nas revoluções anteriores.
“Aulinha de história a essa hora?!”, você deve estar pensando. Mas, não. Não se trata de uma entendiante aulinha de história. Pois se você tiver conhecimento do processo, poderá compreender onde sua empresa encontra-se em relação à concorrência, por exemplo.
Além disso, venhamos e convenhamos, conhecimento nunca é demais.
Da roca aos robôs: uma visão sobre as revoluções industriais
Há menos de três séculos, não havia produção industrial mecanizada no planeta e, hoje, as linhas de montagem são controladas por Inteligência Artificial e as máquinas se autoreparam.
Se pararmos para pensar, é uma brusca mudança de cenário desde que a máquina de fiar (que substituiu a roca) e o tear mecânico foram inventados, na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra.
Esse vídeo produzido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), resume muito bem as revoluções industriais.
Até então o mundo havia sido moldado, como conhecemos, por três revoluções industriais que revelaram novas energias como eletricidade e energia nuclear, a linha de montagem e a produção em massa. Desta vez, no entanto, são as transformações tecnológicas e as comunicações que impulsionam um novo salto em nossa sociedade.
E é dentro da 4° Revolução Industrial, que estamos vivendo agora, que surge o conceito de Indústria 4.0.
A Indústria 4.0 reúne as principais inovações tecnológicas nas áreas de automação, comunicação e ciência da informação para transformar os processos de produção, tornando-os mais eficientes, econômicos e autônomos. Inteligência artificial, Big Data, IoT, machine learning, softwares de gestão e controle e cloud computing são algumas das tecnologias utilizados nas fábricas alinhadas ao conceito.
Máquinas, equipamentos e dispositivos diversos comunicam-se entre si e conectam-se à internet, podendo ser controlados em tempo real, de qualquer lugar.
Os benefícios diretos são aumento da produtividade, melhor controle de processos, manutenção mais eficiente, tomadas de decisão mais seguras.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) produziu um ótimo infográfico que explica, de forma fácil, o que é a Indústria 4.0:
A realidade brasileira: estamos engatinhando
O setor de manutenção tem muito a ganhar com a introdução de inteligência artificial. Em 2017, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), previa que os custos com reparos cairiam em até R$ 35 bilhões (de um total estimado de R$ 73 bi) por ano, no Brasil.
Nos próximos 15 anos, a utilização de tecnologias disruptivas na rotina das indústrias brasileiras pode movimentar até R$ 15 trilhões.
A previsão é animadora, mas a própria ABDI apresenta dados que mostram que, enquanto países como Alemanha, Japão e Estados Unidos estão revolucionando os processos produtivos, o Brasil ainda está engatinhando no terreno da Indústria 4.0.
Segundo a agência, menos de 2% das empresas fazem parte deste novo paradigma. Isso significa que, quando o assunto é Indústria 4.0, há muito o que ser feito por aqui.
“A realidade brasileira é diferente. Pouquíssimas empresas contam com recursos como inteligência artificial e Internet das Coisas. A maioria ainda está no processo de implantação de softwares de gestão empresarial “, comenta o engenheiro de produção Letieri Dias Pires. O executivo de contas na ITSS Tecnologia possui 15 anos de vivência em departamentos como manutenção, qualidade e custos em multinacionais de grande porte.
“Somos ainda um país de matéria prima como soja, milho e ferro. A Indústria representa hoje menos de 10% do PIB e o Brasil ocupa a 69ª colocação no Índice Global de Inovação. Ainda precisamos caminhar muito para nos considerarmos bem inseridos na Indústria 4.0.” completa.
Interesse em investir na Indústria 4.0 cresce gradativamente
Em 2018, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou o resultado da pesquisa “Investimentos em Indústria 4.0” sobre tecnologias digitais. Das 632 empresas ouvidas, 48% pretendiam investir em recursos da Indústria 4.0 naquele ano.
Apesar da baixa digitalização nas empresas brasileiras, no mesmo período a CNI detectou um crescimento considerável no pedido de patentes de invenções relacionadas à tecnologia da Indústria 4.0 no país.
Foram depositadas 35.196 patentes ligadas à essa tecnologia nos últimos 10 anos, sendo que, deste total 75% dos pedidos foram feitos entre 2015 e 2017.
A fábrica da Mercedes-Benz é uma das poucas inseridas no contexto de Indústria 4.0 no Brasil.
Fica a dica: quem vai na frente, bebe água limpa. Ou seja, há grandes oportunidades por aqui.
A manutenção na Indústria 4.0: fazer menos com menos
Em uma “fábrica inteligente”, onde as etapas de produção são digitalizadas, interconectadas e automatizadas, máquinas e componentes geram dados a todo o momento. As máquinas “conversam”, e isso permite que a situação dos ativos seja conhecida a qualquer momento. Se uma intervenção for necessária, ela não será descoberta tarde demais.
Os softwares de manutenção industrial viabilizam a gestão dos reparos, mas também o monitoramento à distância. Os apps mobile têm dominado a cena. Afinal, hoje em dia, quase tudo é feito com um celular na mão.
Nesta Quarta Revolução Industrial, a ordem é “fazer menos, com menos”.
Antigamente, os engenheiros acreditavam que o correto seria fazer mais inspeções e ações de manutenção com poucos recursos. No entanto, essa visão mudou.
Hoje, para que a manutenção torne-se mais produtiva, é intenção é fazer poucos reparos, com poucos recursos. Isso só é possível, no entanto, se os recursos forem otimizados. A manutenção industrial precisa ser de alta qualidade para alavancar a produtividade. As novas tecnologias, como veremos um pouco adiante, auxiliam nesse sentido.
Pode ser que sua empresa não tenha condições de investir em tecnologias avançadas, mas ela pode conseguir ganhos consideráveis de produtividade ao modernizar a gestão com a ajuda de um software de manutenção industrial móvel.
Os softwares de manutenção industrial não são uma novidade. Empresas que utilizam ERPs conseguem fazer a gestão informatizada das operações em módulos específicos. É o caso do ERP SAP, que possui o módulo PM ou Plant Maintenance. Alguns fornecedores têm produzido aplicativos que se integram aos ERPs para prover soluções móveis, baseadas na nuvem.
Se você não sabe o que é um ERP, esse texto pode ajudá-lo bastante: “O que é um ERP?”
Agora, você já começa a entender o que aconteceu com a empresa que citamos na abertura do artigo, que teve um aumento de produtividade de mão de obra de 84% após implantar uma solução mobile de gestão de manutenção.
Quer se aprofundar no assunto? Então confira o webinar que fizemos sobre o tema.